INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS (1776)
Há posts nesse blog que tratam das profundas transformações ocorridas na Europa, que acabaram repercutindo nos territórios coloniais americanos. O rompimento das Treze Colônias (nome dado ao conjunto de possessões inglesas na América) com sua metrópole representou, portanto, a concretização dos ideais iluministas em defesa dos interesses burgueses.
1. O panorama colonial norteamericano no século XVIII
Podemos dizer que houve dois tipos de colonização na América inglesa:
- Colônia de exploração: no Sul das Treze Colônias (Virgínia, Maryland, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia). Dependentes com relação à metrópole, tinham agricultura voltada para exportação, baseada no latifúndio monocultor (de arroz, anil, tabaco e algodão) com trabalho escravo, o que caracteriza o sistema de plantation.
- Colônia de povoamento: no Norte das Treze Colônias (Massachussets, New Hampshire, Rhode Island e Connecticut). Chamadas de Nova Inglaterra, essas colônias não se subordinavam à política mercantilista da metrópole, já que, como o clima era semelhante ao europeu, a agricultura era de subsistência, baseada na pequena propriedade e com trabalho livre dos próprios colonos.
Além do comércio local, os colonos do norte iniciaram um intercâmbio com outras regiões produtoras de matéria-prima (colônia ao Sul da América Inglesa e Antilhas), produtoras de gêneros alimentícios (colônias do Centro) ainda com África, Espanha e Portugal, o que representou um rompimento direto do estanco (monopólio) metropolitano. Era o chamado comércio triangular.
O comércio triangular além de romper com o pacto colonial, fazia com que o Norte das Treze Colônias passasse a competir com a própria Inglaterra. Por isso, a metrópole resolveu aplicar leis já existentes que protegessem o comércio exterior britânico, o que não deu certo, pois os colonos continuavam a burlar tais dispositivos, através do contrabando.
2. A Guerra dos Sete Anos (1756/1763)
Ainda no século XVIII, a valorização das terras litorâneas fez com que os colonizadores buscassem interiorizar sua exploração, avançando rumo ao Oeste, cujo única barreira natural eram os montes Apalaches e o vale do Ohio, que, apesar de escassamente povoados, eram defendidos pelos franceses.
Assim, o choque entre as duas potências metropolitanas (França e Inglaterra), já fortalecido pelos conflitos europeus, como a Guerra dos Trinta Anos e a Guerra de Sucessão Espanhola, era acirrado pela disputa de terras na América. A luta franco-britânica pelo controle do comércio ultramarino e pelo império colonial provocou a eclosão da Guerra dos Sete Anos, que possui profunda relação com a independência das Treze Colônias.
Nessa guerra, os ingleses levaram a melhor, mesmo tendo a França recebido ajuda espanhola, e tomaram o controle do vale do Ohio, apossando-se de grande parte do império colonial francês, como Quebec e Montreal.
A paz foi selada pelo Tratado de Paris em 1763, cujas disposições foram:
- França cede Canadá, vale do Ohio e parte das Antilhas para os ingleses, mantendo somente Haiti, Guadalupe e Martinica;
- França desiste de suas fortificações na Índia;
- França cede o oeste do Mississipi à Espanha, pela ajuda recebida;
- Espanha entrega Flórida aos ingleses.
3. As Leis Intoleráveis
Após a vitória britânica na guerra, o rei Jorge III estabeleceu uma lei que proibia a penetração dos colonos no oeste, a fim de garantir o monopólio metropolitano nas áreas recém-incorporadas.
Além disso, para aumentar sua receita, passou a cobrar impostos dos colonos, através de leis coercitivas, que eram fiscalizados por um ostensivo aparato opressor instalado na colônia.
A reação dos colonos deu-se através do boicote aos produtos ingleses, como ocorreu na Festa do Chá de Boston, quando foram atiradas no mar cerca de trezentas caixas de chá britânico.
4. A guerra de independência (1775/1781)
Diante da opressão metropolitana, as colônias organizaram o Primeiro Congresso Continental da Filadélfia, onde foi redigida a Declaração de Direitos, que visava a restabelecer a liberdade colonial, sob pena de rompimento definitivo com a Inglaterra.
O acirramento das leis levava à adesão de cada vez mais regiões coloniais em torno da mesma causa, dando início às guerras de independência, nas quais os exércitos americanos era liderados por George Washington.
George Washington |
Em 1775, o Segundo Congresso Intercontinental da Filadélfia reuniu-se e definiu seu caráter separatista, que foi consolidado com a publicação do Senso Comum (Common Sense), de Tom Paine, no ano seguinte. Ainda em 1776, foi promulgada e Declaração de Independência de Thomas Jefferson, na qual o ideal de liberdade era concretizado.
Inglaterra não aceita a separação, e as lutas se intensificam. Após importante vitória na batalha de Saratoga, em 1777, os colonos receberam ajuda externa de França e Espanha, que se interessavam em enfraquecer o poderio britânico. Em 1781, na batalha de Yorktown, os ingleses foram novamente derrotados e baixaram suas armas. A paz foi selada pelo Tratado de Versalhes, no ano de 1783, em que Inglaterra reconhecia, e solo francês, a independência dos Estados Unidos.
5. Conclusão
A Revolução Americana representou a concretização pioneira dos ideais iluministas de direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade, por meio da instalação de uma república constitucional representativa.
A nova constituição, no entanto, restringia os direitos dos trabalhadores, pois estabelecia o voto censitário, e desconsiderava escravos e índios em nome dos interesses da burguesia do norte e dos latifundiários do sul.
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