TOP CINCO: OS CONTOS DE FADAS QUE AS BABÁS NÃO CONTAVAM (OU CONTAVAM, NÉ... VAI SABER...)

Contos de fadas são histórias destinadas ao público infantil que teriam surgido durante a Idade Média. 

Etimologicamente, o termo latino fatum faz alusão a fardo, destino, fatalidade, sentido que manteve-se em diversos outros idiomas: contes de fées no francês; cuentos de hadas em castelhano; racconto di fata em italiano.

Você provavelmente já ouviu falar que os contos de fadas possuem diversas versões, nem sempre tão românticas quanto as mostradas, por exemplo, pela Disney...

O papel da literatura é muito plural: estético (visa ao belo); lúdico (visa ao entretenimento); cognitivo (forma o conhecimento); catártico (estimula sentimentos); e pragmático (prega uma ideologia). 

Os contos de fadas colaboram para a internalização de certos valores sociais e comportamentos. Por isso mesmo podemos talvez não entender os significados implícitos a eles, quando somos crianças, mas, uma vez adultos, já temos background suficiente para analisá-los de maneira crítica.

Ao longo dos últimos 100 anos, os significados ocultos dos contos de fadas têm sido objeto de estudo de diversas correntes da Psicologia, sendo vistos como psicodramas da infância e formadores de arquétipos (tipos).

Vamos listar algumas das versões originais dessas histórias, percebendo o real significado de suas alterações a cada adaptação, além de alguns contos baseados em histórias reais.

1. Anastasia

A Grã-Duquesa Anastasia Nikolaevna da Rússia era a quarta filha de Alexandra Feodorova e Nicolau II, último czar da dinastia Romanov. Morreu aos 17 anos junto aos demais membros da família imperial russa em 1918 nas mãos dos revolucionários soviéticos.

O fato de o local do sepultamento do seu corpo ter ficado incógnito durante muito tempo (os restos mortais de parte da família só foram encontrados em 1991, numa vala, em Ecaterimburgo, e os de Anastasia, apenas em 2007) alimentou a crença de que ela teria sobrevivido.

No filme de 1997, dilui-se o conteúdo histórico da sua trajetória. A Revolução Russa teria sido iniciada pelo vilão Rasputin através de uma magia. Dessa maneira, vemos que os revolucionários, sendo representados por Rasputin, são demonizados, e que as questões sociais da Rússia, sob a autoritária direção dos Romanov, que teriam levado à revolução, são ignoradas, a fim de romantizar e tornar mais palatável a história.

Rasputin realmente existiu. Foi um alquimista russo contemporâneo desses acontecimentos, mas nunca teve qualquer relação com os movimentos de Fevereiro ou de Outubro de 1917. Pelo contrário, apesar do comportamento devasso (que incluía orgias com membros da alta sociedade imperial) tinha grande influência na família Romanov, conquistada quando ele curou um dos filhos do czar de hemofilia.




2. Cinderella



A Cinderella moderna, contada por Charles Perrault, tem o final que querem que consideremos feliz: escravizada pela madrasta, hostilizada pelas meio-irmãs, casa-se com a príncipe, depois que calça o sapatinho de cristal e vive feliz para sempre...

A versão original de Cinderella, contudo, fala da história real de Rhodopis (cujo nome significa "bochechas rosadas"), mulher que vivera por volta do século I a. C. e que teria sido capturada e vendida como escrava. Suas bochechas rosadas tornaram-na atraente para o faraó Ahmés II, que transformou-a em escrava sexual. O sonho de qualquer menina, né? (Ironias)

Na versão dos irmãos Grimm, as irmãs teriam cortado partes dos seus pés q fim de que eles coubesse nos sapatinhos de cristal, o que obviamente não seria cabível para as românticas fábulas da Disney. Assim, a versão animada pelo estúdio foi aquela de Charles Perrault.




3. Branca de neve e os Sete Anões 

Existe a possibilidade de esse conto ter sido inspirado na vida de uma princesa do século XVI chamada Margarete von Waldeck, que cresceu numa região onde crianças trabalhavam em minas  e eram conhecidas por "anões" e detestada pela madrasta. O rei Felipe II decide casar-se com a bela princesa, mas ela teria morrido envenenada, antes disso.


Numa versão sombria, além de pedir o coração como prova de que o caçador a tinha matado, a madrasta ordena que ele traga o fígados e os pulmões, para que ela possa, inclusive, degustá-los...


Além disso, enquanto na maioria das versões Branca de Neve era adolescente, na original ela tinha apenas sete anos, o que nos leva a estranhar que um príncipe viesse a querer beijá-la. Por isso, em vez de beijo, no momento da chegada do príncipe, Branca de Neve cospe o pedaço envenenado da maçã e acorda.

O final da madrasta também é diverso. Se, no filme da Disney, ela despenca de um despenhadeiro, os irmãos Grimm contam que ela teria sido convidada para o casamento de Branca de Neve sem saber quem seria a noiva, e lá chegando seria capturada pelos soldados reais, calçada com sapatos de ferro em brasa e obrigada a dançar até cair morta...




Sabendo que as versões sofrem alterações de acordo com a tradição oral de determinada região, não posso deixar de citar a versão brasileira e pornochanchada, chamada "Histórias que nossas babás não contavam". Nessa versão sacaninha, temos Clara das Neves, interpretada pela mulata Adele  Fátima, às voltas com o fato de que todos os homens querem ir pra cama com ela, incluindo os anões e caçador, vivido pelo impagável Costinha.


4. A Bela Adormecida

Rapaz, essa é a versão original mais bizarra de todas... O príncipe era um criminoso que, ao encontrar Bela adormecida, digamos, satisfaz-se com ela mesmo assim... Nove meses depois, Bela dá a luz a duas crianças que, procurando seu seio para mamar, chupam sem querer seu dedo que tinha uma farpa (?????), o que a faz finalmente acordar.

Acreditem: piora! O príncipe era tão do mal, que continuava a fazer visitas sexuais à princesa adormecida, até que, um dia, a encontra acordada e com dois filhos a tiracolo. Ele decide  casar-se  com ela, mas não pode levá-la para seu castelo, já que sua mãe era uma louca que devorava toda e qualquer criança que visse pela frente. O príncipe resolve, então, esperar pela morte de seu pai, para que se tornasse rei e pudesse, enfim, morar com sua família no castelo... Quando isso ocorre, a mãe louca decide comer não só os netos, mas também a nora. Contando com ajuda do cozinheiro, que a esconde, Bela escapa da morte. Sabendo da atitude da mãe, o príncipe manda matar sua própria mãe.


5. Cachinhos Dourados

Esse conto de 1837 é um pouco menos conhecido no Brasil do que os anteriores, mas não deixa de ser interessante.

Cachinhos Dourados, bisbilhoteira, entra numa casa onde moravam três ursos, para comer seu mingau, dormir em suas camas e sentar em suas confortáveis cadeiras...  Na versão light, Cachinhos percebe a chegada dos ursos e foge pela janela, mas há três outras versões bem mais bizarras, todas com o intuito de trazer uma lição de moral.

Numa delas, Cachinhos é devorada pelos três ursos. Noutra, Cachinhos seria uma velhinha (????) e, ao pular a janela, quebrava o pescoço. Numa mais recente, ela é presa por invasão a domicílio (hahahahahahahahahhaha desculpem).







Comentários

Fernanda Alves disse…
Gente, como assim?! Chocada até agora com a origem da história da Bela Adormecida! Que tipo de moral é essa que queriam passar, hein? "Cuidado com a hora de dormir! Tem maluco pra tudo!"

haha

Muito bom, Pri, vou divulgar!!

Bjs
A PROFESSORA disse…
É cada uma, né?
Obrigada!

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