OUTROS 7 NOVEMBRO - NASCIA LEON TRÓTSKI

Nascido Lev (pronuncia-se Leon) Davidovic Bronstein, Trótski (adotaremos essa grafia mais abrasileirada do seu nome) foi, junto com Lênin, um dos maiores marxistas do século XX. Dedicou toda sua vida à luta pela classe trabalhadora. E que vida! Lutou bravamente pela tradição revolucionária original da Revolução Russa, após a morte de Lenin,e contra a degeneração burocrática da União Soviética stalinista, foi exímio escritor e propalador de ideais operários e internacionalistas, além de ter influenciado várias gerações.


Faremos nesse post uma breve biografia desse verdadeiro líder socialista (longe de esperar esgotar as abordagens sobre o tema), que uniu como poucos a teoria à práxis revolucionária.

Ucraniano de nascimento e filho de camponeses de origem judaica, Trótski mudou-se ainda criança com a família para a cidade de Odessa, para estudar.

Sempre bom aluno, teve como primeiro ato político a organização de um protesto contra um professor impopular. Mas isso não significava que já tinha interesse em política, o que só vem a se desenvolver quando se muda novamente, aos 18 anos.

Ao envolver com um movimento de caráter social-democrata, é deportado para a Sibéria, mas foge de lá e refugia-se em Londres, onde conhece Lenin, e passa a colaborar como redator do jornal Iskra ("A Centelha"). Por ironia do destino, o passaporte falsificado que lhe foi dado tinha gravado o nome de um dos seus carcereiros: Trotsky. Por este nome, ele seria conhecido no mundo inteiro.

Conhecer Trótski foi um bálsamo para Lenin (Vladimir Ilych), já que há muito ele buscava alguém capaz de fortalecer suas ideias. Abaixo, alguns escritos de Nadeja Krupskaya, esposa de Lenin, falando sobre seu entusiasm com relação à chegada do jovem revolucionário de apenas 22 anos:

“As calorosas recomendações que nos foram dadas com respeito à ‘pequena águia’ e a primeira conversação sustentada impulsionaram Vladimir Ilyich a examinar com atenção ao recém-chegado. Falou muito com ele e saíram juntos para passear." 

“Vladimir Ilyich perguntou a Trotsky sobre sua viagem a Poltava para se por em contato com O Trabalhador do Sul (que vacilava entre Iskra e seus adversários) e gostou da precisão das respostas de Trotsky; o fato de que este tivesse identificado imediatamente a essência das divergências (...)."

“Da Rússia se exigia insistentemente o regresso de Trotsky. Vladimir Ilyich queria que este permanecesse no estrangeiro a fim de aprender e prestar seu concurso ao trabalho de Iskra."

 “Plekanov manifestou imediatamente seus receios com relação a Trotsky, no qual via um membro do setor jovem de Iskra (Lênin, Martov e Potrésov), ou seja, a um discípulo de Lênin. Quando Vladimir Ilyich mandou um artigo de Trotsky a Plekanov, este respondeu: ‘A pena de vosso Pero não me agrada’. ‘O estilo’, respondeu Vladimir Ilyich, ‘se adquire; Trotsky é um homem capaz de aprender e nos será muito útil”
 (Krupskaya, Recordações de Lênin, p. 92. Editorial Fontamara. Barcelona, 1976).


Em 1905, retorna à Rússia czarista e torna-se líder do soviete de São Petesburgo. Os sovietes eram associações operárias que visavam a organizar ações revolucionárias. Trótski chega a participar do Ensaio Geral, manifestação popular pacífica em decorrência da derrota russa na Guerra Russo-Japonesa que pretendia enviar ao czar uma petição, culminando no Domingo Sangrento, após severa reação do czar.

Mais uma vez é deportado para a Sibéria, de onde foge novamente, dessa vez, rumo a Viena, Paris e depois Estados Unidos.

Ao longo da Primeira Guerra Mundial (1914/1918), Trótski assume postura autenticamente internacionalista, conclamando todos aqueles que eram opostos ao conflito a se manifestar. Com a eclosão da Revolução de Fevereiro (primeira manobra da Revolução Russa, organizada pelos mencheviques, ala moderada do Partido Operário Social-Democrata Russo) e com a instauração do governo provisório, a Rússia revolucionária permanece na Grande Guerra, o que gera muito descontentamento.

É importante de diferenciemos as duas vertentes existentes no Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR): mencheviques e bolcheviques eram, respectivamente, reformistas e revolucionários. Enquanto aqueles prezavam o colaboracionismo entre as classes (burguesia e proletariado), estes defendiam que jamais haveria conciliação entre os interesses burguês e do proletariado.

Longe de crer nessa possibilidade, Lenin e Trótski divergiam frontalmente da ala menchevique.

Trótski volta à Rússia e, junto a Lenin, lidera nova insurreição, desta vez bolchevique, em outubro de 1917, a fim de aniquilar o governo provisório encabeçado pelo advogado Kerenski.

Depois do sucesso da Revolução de Outubro, Trótski torna-se o primeiro Comissário do Povo para Assuntos Externos e encarrega-se das negociações para a assinatura do Tratado de Brest-Litovski, que ratificaria a retirada da Rússia revolucionária da Primeira Guerra Mundial.

De 1918 a 1925, como Comissário do Povo para Questões Militares, coordenou o Exército Vermelho rumo à vitória contra as forças contrarrevolucionárias, dirigindo pessoalmente a luta contra o Exército Branco. Trótski não se limitou ao aspecto militar na consolidação do primeiro Estado operário do mundo, mas também teve importante papel na organização da III Internacional e da rede ferroviária, além de ser um hábil pensador e escritor.

Em 1921, aniquilou a revolta de Kronstdat, quando marinheiros se sublevaram contra o comunismo de guerra e pela autogestão socialista.

Em 1924, com a morte de Lenin, Trótski, apesar de parecer ser o sucessor natural, já que deu continuidade à luta contra a degeneração burocrática do Estado soviético que havia sido iniciada por Lenin, é derrotado na sucessão ao poder por Stalin. Após a morte de Lenin, apenas Trótski manteria o legado de Outubro

Enquanto Trótski defendia a chamada "revolução permanente", o que denotava o seu forte internacionalismo, Stalin concebia que o socialismo deveria vigorar num só país. Apenas anos mais tarde, o mundo viria a saber quais teriam sido as reais motivações de Stalin, ao defender esse modelo político: centralizar ao máximo o poder, primeiro na União Soviética, e posteriormente impô-lo aos países vizinhos, que ainda por cima deveriam total obediência a seus desmandos. Stalin, de fato, traiu a Revolução de Outubro.



Sua irmã Olga veio a se casar com Leon Kamenev, um dos responsáveis pela retirada de Trótski do Partido, mas que também seria expulso da URSS posteriormente. Em 1929, é deportado da URSS, e Stalin inicia uma verdadeira campanha para que sua imagem desapareça, apagando-o, inclusive, de diversas fotos em que ele aparecia ao lado de Lenin.

Stalin manda retirar Tróstski de imagens com estas acima.
Trótski passa pela Turquia, França, Noruega e, finalmente, México, onde é assassinado a golpes de picareta por um agente stalinista, que jamais assumiu ter agido a mando de Stalin. Nessa época, Trótski estava escrevendo uma biografia não-autorizada sobre Stalin, expondo seu passado negro de colaboracionismo com o governo czarista, o que teria motivado o crime.

Como diversos outros grandes homens, a magnitude de suas ideias superou sua ausência, e Trótski e seus ideais ainda vivem até hoje.



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