MARCHA DA FAMÍLIA COM DEUS PELA LIBERDADE - O RETORNO

Meus caros, ando sumida, mas acho que é justificável. A martenagem é uma coisa que consome. Mas isso não vem ao caso.

O ano será marcado pelo aniversário de diversos fatos históricos: 50 anos do golpe militar no Brasil e 100 anos da Primeira Guerra Mundial. Estes são, inclusive, o temas que consideraria "quentes" para o vestibular. Nada dignos de comemoração, mas ainda assim dignos de nota: historiador adora uma data "redonda".

E, falando sobre ditadura militar, a semana foi agitada pela notícia de que a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Esse movimento ocorreu dias antes do golpe militar e serviu para dar suporte social ao novo regime que se instauraria na virada d 31 de março para 1o de abril. Sim, 1o de abril. Poderia haver ironia mais triste? Não. Não era mentira. Foi uma reação da direita brasileira que, antevendo a perda de seu status após as reformas de João Goulart, vinculou-as ao comunismo e a um possível alinhamento ao bloco soviético.

Há quase 50 anos, no contexto de Guerra Fria e da "ameaça" comunista tão pregada na época, ocorreram diversas passeatas formadas por membros da elite empresarial, da classe média conservadora, dos partidos políticos de direita e da Igreja. Todos favoráveis à deposição do então presidente João Goulart, o Jango, e contra as Reformas de Base (tímidas reformas agrária,  administrativa, tributária e financeira) que ele anunciou dias antes, em 13 de março de 1964, na Central do Brasil.

Fazendo uma breve leitura dos próprios espaços que foram palco desses dois movimentos, já percebemos a orientações políticas a que se vinculam. De um lado, o Comício das Reformas de Base aconteceu em plena Central do Brasil, uma das principais estações ferroviárias do Brasil e centro nervoso dos trabalhadores do Rio de Janeiro. De outro, a Praça da Sé, onde fica a Catedral Metropolitana de São Paulo e o marco zero da cidade, o que denuncia o apoio que o clero ofereceu ao golpe militar.

Os rápidos internautas, claro, não podiam deixar a reedição da Marcha passar e branco, e a convocação de uma nova passeata conservadora, para "comemorar" os 50 anos do início de regime militar, foi alvo de muita gozação.






Há 50 anos, apesar de supracitarmos a Marcha da Família com Deus pela Liberdade sediada em São Paulo em 19 de março, foram diversas marchas por todo o Brasil até 8 de junho. Após o golpe, inclusive, uma delas reuniu cerca de uma milhão de pessoas no Rio de Janeiro.

Pois é. Há 50 anos, foram várias. Várias. Mas, as desse ano...



Cerca de 200 pessoas.
Já a Marcha Antifascista reuniu mil.

Tirem suas próprias conclusões...




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