A GUERRA DOS TRINTA ANOS E A PAZ DE VESTIFÁLIA (1618/1648)

O conflito marcou a transição do modo-de-produção feudal e da Idade Média para o modo-de-produção capitalista e para a Era Moderna. Além disso, é considerado o ponto de partida para a análise das relações internacionais da modernidade, já que a Paz de Vestifália dotou os Estados nacionais de soberania e de monopólio sobre o uso da força.

Adicionar legenda
Por ter envolvido diversos reinos da região que hoje em dia é a Alemanha, há historiadores que tendem a considerá-la um ponto de clivagem com relação à noção de guerra existente até então. De um lado, Sacro-Império Romano-Germânico e Espanha, ávidos católicos; do outro, os príncipes protestantes, com apoio de Inglaterra, França, Holanda, Império Otomano, Dinamarca e Suécia. A guerra foi generalizada no Velho Mundo.

A Guerra dos Trinta Anos remonta à Reforma Protestante, uma vez que o surgimento de novas religiões adicionou ainda mais tensão às turbulências europeias. Os Habsburgo (senhores do Sacro-Império Romano-Germânico e da Espanha) não detinham unidade política, o que se agrava a partir da aquisição de autonomia pelos seus principados, após a Reforma.

Em 1521, o Edito de Worms, de Carlos V, proibiu os textos de Lutero. Em 1555, a Paz de Augsburgo determinou que cada príncipe decidiria a religião de seu próprio Estado, o que foi encarado como um tipo de imposição aos súditos, que não teriam liberdade religiosa.

Diante da cisão protestante, provocada pelo surgimento do Calvinismo, os Habsburgos buscam restaurar a autoridade imperial e impor a fé católica, acirramento ainda mais as rivalidades. O estopim do conflito ocorreu com a defenestração de Praga, quando os embaixadores do rei foram jogados da janela por defensores do protestantismo.


Apesar da motivação religiosa, a Guerra dos Trinta Anos ganha contornos políticos, uma vez que a França (católica) apoia os protestantes, com a finalidade de desestabilizar o Sacro-Império Romano-Germânico (SIRG). França e Espanha dão continuidade ao conflito por mais onze anos, por conta de questões fronteiriças.


Apesar de extremamente poderosos, o SIRG foi derrotado e também o projeto de unificação. Os motivos da derrota são vários: o déficit orçamentário espanhol; o desgaste dos Estados europeus e a existência de diversas frentes de batalha. 

A Paz de Vestifália, devido ao alto nível de mortalidade, teve ampla adesão. Nela, foi decidida a autonomia da Suíça, França adquiriu a Alsácia-Lorena e garante primazia no continente e o SIRG reconhece a independência dos principados. Outra importante consequência do conflito, que alterou a geopolítica europeia, foi a decadência da Espanha como nação hegemônica. 

O feudalismo foi enterrado de vez. Qualquer vestígio feudal que se poderia achar na Europa ocidental foi varrido pela Paz de Vestifália. Os Estados passam a ser reconhecidos como atores precípuos de sistema internacional, com igualdade jurídica entre si e sem risco de interferência externa. Com o nascimento do sistema de Estados, cai o poder do papado e expande-se o princípio de Augsburgo sobre o restante da Europa. Tal lógica de igualdade soberana entre Estados gera um equilíbrio de poder que evita a emergência de um "leviatã" no âmbito internacional, embora, futuramente, Luís XIV, Napoleão e Hitler venham a tentar sê-lo.










Comentários

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...