ENTREVISTA COM CIRO FLAMARION CARDOSO


Ele nunca foge de polêmicas. Prestes a se aposentar do serviço público, recebendo homenagens de colegas e ex-alunos, o professor Ciro Flamarion Cardoso plantou ventos na historiografia durante décadas. De início, recusou-se a acreditar em teorias fatalistas sobre o passado brasileiro. Ao contrário do pensamento dominante nas décadas de 1960 e 1970, defendia que as sociedades americanas do período colonial não eram apenas uma extensão do sistema europeu, mas tinham lógicas próprias. Nos anos seguintes, viu a confirmação das suas suspeitas. Quando ninguém esperava, mudou de rumo: decidiu seguir uma antiga paixão e virar egiptólogo.
Ele pesquisa, escreve, orienta teses e ensina na área há mais de 30 anos. Mas não abandonou os outros interesses: ao lado destes temas, a crítica ao marxismo – corrente à qual ele próprio é filiado. Remando contra a maré, combateu uma visão linear da História, pregada por partidos políticos e estudiosos de esquerda. Mas ainda não acabou: hoje vira suas baterias contra o pós-modernismo e uma das vedetes da historiografia mundial – a nova história cultural.
Pontual, claro e sem meias palavras, Ciro conversou com a Revista de História na Universidade Federal Fluminense, em Niterói. E, sem perder o hábito, disparou: “O que mais me incomoda é uma historiografia que não se mostra preocupada com o mundo ao qual pertence”. A julgar pelo histórico do nosso entrevistado, não é má ideia observar em que direção navega – mesmo que seja contra o vento.

Texto retirado do site da RHBN.

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