DE ONDE VEM O TERMO AMÉRICA LATINA?

O termo América Latina é criado no século 19, na França, na época em que o país era a prin-cipal potência mundial. De acordo com o historiador e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP) Osvaldo Coggiola, ele é impróprio, pois a América Latina não é composta apenas de população latina, mas tam-bém indígena. A designação de caráter imperialista pressupunha que existia uma América Anglo-Saxônica, formada pelos Estados Unidos e o Canadá, e uma latina, que englobava os países colonizados por nações latinas. 
Na época, as expressões América Ibérica, Ibero-América e Indo-América concorriam com América Latina, mas, no século 20, a última acabou se tornando hegemônica. Na década de 1960, América Latina ganhou uma conotação de esquerda, pois, no auge das lutas anti-impe-rialistas, o termo passou a designar uma realidade política oposta ao imperialismo norte-ame-ricano. “A partir daí o termo que tinha origem imperialista francesa curiosamente passou a ter uma conotação imperialista contra os Estados Unidos”, diz Coggiola. 

Os Estados Unidos demoraram a aceitar o termo, mas atualmente ele já foi absorvido pela geopolítica. “Falar em unidade latinoamericana hoje não é mais nenhum escândalo, é se referir a uma tendência política internacional de configurar grandes blocos regionais, como a União Europeia e o Nafta”, diz. Apesar de suavizado, o historiador diz que, se por um lado América do Norte é um termo puramente geográfico, América Latina tem uma conotação geopolítica e ideológica. 

“Os países latino-americanos têm algumas experiências históricas semelhantes, como as ditaduras militares, os movimentos populistas, mas também, de um modo geral, há uma tendência por parte das populações desses países a se influenciarem mutuamente e se unificarem em termos políticos e até culturais”, afirma Coggiola. 



As populações indígenas e depois as sucessivas migrações são os principais pontos de contato culturais entre estes países. 

“A cultura sempre antecipa, mas também acompanha as mudanças histórias e a América Latina não pode ter outra cultura do que aquela que surge das sucessivas ondas históricas”, diz. Segundo Coggiola, em suas expressões mais profundas, a cultura latino-americana é marcada pela tragédia, já que foi palco de um dos maiores genocídios da história da huma-nidade, o indígena. 


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