A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914/1918)
ANTECEDENTES:
- Segunda Revolução Industrial: Durante o século XIX, não apenas a Inglaterra era um país industrializado, mas vários outros países europeus e do resto do mundo também já possuíam desenvolvimento industrial (como Estados Unidos da América e Japão). Dessa maneira, os mercados consumidores ficaram retraídos, por isso mais competitivos, além do fato de as matérias-primas e a mão-de-obra também terem sofrido considerável escassez.
- Imperialismo: A alternativa para solucionar essas questões oriundas da disseminação da tecnologia industrial pelo mundo foi a corrida imperialista, a saber, a colonização de territórios na África e na Ásia. A partilha da África, por exemplo, desencadeou uma série de tensões entre as potências europeias no fora do seu continente de origem, que, por fim, se tornariam fatores para que um conflito de escala mundial fosse deflagrado.
- Guerra Franco-Prussiana: Esse conflito concretizou a centralização política alemã, que foi um processo tardio (assim como a italiana), se considerarmos que grande parte dos países europeus havia se unificado século mais cedo. Além de consolidar a formação do Império Alemão, o conflito teve como consequência o revanchismo francês pela perda da Alsácia-Lorena (território importante para a industrialização, por ser rico em minério de ferro) e pela humilhação causada pela derrota. Além disso, tendo -se transformado política e economicamente de maneira tão radical num período de menos de 50 anos, o Império Alemão alterou o equilíbrio de forças europeu, o que desagradou países há muito tempo hegemônicos dentro do continente: Inglaterra e França não estavam contentes com a rápida ascensão de uma possível nova potência europeia.
- Paz Armada (1871/1914): O período que vai do fim da Guerra Franco-Prussiana até o início da Primeira Guerra é caracterizado pela ausência de conflitos em solo europeu. Porém, as tensões entre os países europeus dava-se fora do continente, na África e na Ásia, através das disputas imperialistas. Dessa maneira, percebe-se que, apesar de não existirem guerras na Europa, os países percebiam que as tensões provenientes da corrida imperialista poderiam provocar em breve um conflito em escala mundial e investiam em indústria bélica. Por isso, esse período ficou conhecido como Paz Armada.
- Nacionalismos: É importante perceber que a Europa, às vésperas da Primeira Guerra Mundial, era formada por impérios multinacionais, o que significa dizer que os impérios existentes englobavam diferentes etnias que não aceitavam ser dominadas por eles. Uma das regiões rebeldes contra esse tipo de dominação era a península balcânica, que sofria ameaças de anexação tanto do Império Austro-Húngaro quanto do Império Russo. A península balcânica era berço da civilização eslava. Bósnios, sérvios, croatas, montenegrinos, por exemplo, eram povos que se recusavam a integrar um Império com qual não tivessem identidade e nutriam o sonho de formar, no futuro, a Grande Sérvia, território que reuniria os povos de origem eslava num grande país com identidade cultural, de idioma e de costumes. Era o paneslavismo. Além do nacionalismo eslavo, havia também o pangermanismo, que dava justificativa ao expansionismo do Império Alemão, já que defendia a união dos povos de identidade germânica.
- Diplomacia secreta: O fato de as relações entre os países serem firmadas através de acordos secretos, ou seja, que eram do conhecimento apenas das partes envolvidas, fez com que se formasse na Europa pré-Primeira Guerra dois grupos antagônicos que, futuramente originariam as Tríplices Aliança e Entente.
- ESTOPIM - O atentado de Sarajevo: Cioso por incorporar parte da península balcânica a seus domínios, o arquiduque austro-húngaro Francisco Ferdinando visitou a capital da Bósnia, Sarajevo, para assistir a um cortejo militar na região. Nesse momento, ele acabou sendo assassinado por um rebelde sérvio, membro do grupo terrorista Mão Negra, fazendo com que o Império Austro-Húngaro declarasse guerra contra a Sérvia, sem saber que esta tinha aliança de defesa mútua com o Império Russo, que tinha acordo de mesma natureza com a França, que, por sua vez, também era aliada da Inglaterra. Formava-se a Tríplice Entente. O Império Austro-Húngaro, por outro lado, tinha acordo com o Império Alemão e com o Reino da Itália, e estava assim formada a Tríplice Aliança. É correto afirmar que a diplomacia secreta fez com que a o atentado de Sarajevo ativasse o sistema de alianças e deflagrasse o conflito de caráter mundial na primeira década do século XX.
FORMAM-SE, ASSIM, OS DOIS LADOS DO CONFLITO:
TRÍPLICE ALIANÇA X TRÍPLICE ENTENTE
Império Alemão França
Reino da Itália Inglaterra
Império Austro-Húngaro Império Russo
Turquia Bélgica
Bulgária Japão
Romênia
Grécia
AS FASES DA GUERRA:
- 1914 - Guerra de movimento: Os dois lados do conflito marcham um em direção ao outro;
- 1915/1917 - Guerra de trincheiras: O equilíbrio de forças entre as Tríplices Aliança e Entente fez com que esta fosse a fase mais longa do conflito, em que ambos os lados organizavam-se em trincheiras, valas cavadas na terra e protegidas por arame farpado e sacos de areia. A região entre um trincheira e outra era conhecida como terra de ninguém ou no man's land, ou seja, era a terra disputada por ambos os lados. Nesse período também ocorreram mudanças que alteraram de vez o curso da guerra, finalmente, desequilibrando o conflito em favor da Entente: enquanto a Rússia passa por uma revolução socialista e se retira da guerra (através do tratado de Brest-Litovski), os Estados Unidos entram no conflito. A Itália, percebendo a iminente derrota da Aliança, muda de lado e passa para a Entente.
- 1918 - Retorno da guerra de movimento: Tríplice Entente encurrala as forças da Aliança, e o curso da guerra está praticamente determinado para a sua vitória.
TRATADOS DE PAZ:
Ao final do conflito, havia duas propostas para as negociações do cessar-fogo: enquanto o presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson propôs os 14 Pontos de Wilson, que consistiam na criação de um só tratado que punisse todos os membros da Tríplice Aliança, dividindo igualmente entre os derrotados os ônus da guerra; as potências europeias vitoriosas propuseram que um tratado fosse criado para punir cada um dos membros da Aliança.
A proposta que vigorou foi esta última, e, dessa maneira, foram concebidos diferentes tratados para punir cada um dos países da Aliança. A intenção por trás dessa atitude era punir, especialmente, a Alemanha, já que era de interesse de França e Inglaterra aniquilar o desenvolvimento daquele país, uma vez que o país recém-formado era uma ameaça à hegemonia franco-britânica no continente.
Os tratados de paz:
- Tratado de Saint-Germain: Destinado à Áustria, determinava a independência de Hungria, Polônia, Tchecoslováquia e Iugoslávia;
- Tratado de Neuilly: Destinado à Bulgária, que precisou devolver os territórios por ela anexados na península balcânica;
- Tratado de Trianon: Destinado à punição da Hungria, que perdeu várias regiões.
- Tratado de Sèvres: Destinado à Turquia, liquidou o Império Turco, desintegrando-o e formando diversos novos países.
- Tratado de Versalhes: Destinado especificamente à Alemanha, determinou a aniquilação do país, impondo uma série de pesadas restrições a seu desenvolvimento: pagamento de cerca de 33 bilhões de dólares aos vitoriosos; drástica redução dos exércitos alemães; desmilitarização das fronteiras franco-germânicas; devolução da Alsácia-Lorena para a França; obrigada a reconhecer a independência da Polônia; substituição do Segundo Reich (Império Alemão) pela República de Weimar, governo que fiscalizaria a obediência ao Tratado de Versalhes.
DESDOBRAMENTOS DO CONFLITO:
- Mudanças geopolíticas no mundo: Europa, palco da guerra, se enfraquece e perde importância para os Estados Unidos, que surgem como potência;
- Surgem novos países por conta da fragmentação dos impérios multinacionais;
- Fim da diplomacia secreta;
- Devolução da Alsácia-Lorena para a França;
- Criação da Liga das Nações: responsável pela manutenção da paz no continente europeu e por evitar que um novo conflito de escala mundial voltasse a ocorrer.
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