MORRE MARGARET THATCHER, A DAMA DE FERRO

Antes que me apedrejem, considerando-me insensível com relação ao falecimento da ex-premiê britânica, gostaria de que reparassem na diferença entre as abordagens das imprensas brasileira e inglesa sobre o assunto.


Enquanto, no Brasil e nos Estados Unidos, sua memória é incensada aos quatro cantos, é festa em Londres... Duvida? Clique aqui.


Antes de mais nada, a fim de explicar o porquê dessas manifestações de felicidade pela morte de Maggie, que foi a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra na Inglaterra, vamos recorrer a uma breve biografia crítica.

Margareth Thatcher surgiu no cenário político na década de 50, como candidata do Partido Conservador, mas alcançou visibilidade anos mais tarde, quando assumiu a direção do partido.

A partir daí, implementou uma política econômica nada simpática: o neoliberalismo, releitura do Liberalismo econômico de Adam Smith, que pregava a não-intervenção do Estado na economia, inclusive cortando gastos sociais.

Populares em Brixton... A Dama de Ferro nunca os representou.

O filósofo Pierre Bourdieu afirmou que  o neoliberalismo "tende a favorecer globalmente a ruptura entre a economia e as realidades sociais", constituindo um "programa de destruição metódica do coletivo", ou seja, "todas as estruturas coletivas capazes de interpor obstáculos à lógica do mercado puro" passam a ser ignoradas.

A onda neoliberal irradiou-se pelo globo. No Brasil, presidentes como Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso adotaram esse receita bombástica de coordenar a economia, abrindo-a para o capital estrangeiro, como podemos perceber na série de privatizações de empresas estatais.


Curioso, não?

Munida dos princípios neoliberais, a libra esterlina estabilizou-se, e a economia britânica foi dinamizada, porém o sucesso no campo econômico foi devido a grandes cortes sociais. Durante sua gestão como primeira-ministra, pobreza triplicou, aprofundando o abismo social, o que fez com que seu sucessor, o primeiro-ministro Tony Blair adotasse medidas keynesianas (Estado de Bem-Estar Social ou Welfare State), a fim de minimizar o custo social do neoliberalismo da Dama de Ferro.


Amigona do sanguinário ditador chileno Augusto Pinochet.
Atualmente, Hollywood tentou amenizar sua vilania, produzindo um filme que romantiza sua trajetória política e mostra a Dama de Ferro como uma feminista que teria alcançado um cargo importantíssimo e, por isso, feito muito contra o machismo... 

Discordo. Sou mulher, e preferia que outrem me representasse...

Sincera homenagem do Morrissey, cantor e compositor britânico, explicita bem o sentimento dos seres pensantes do Reino Unido com relação a Margaret Thatcher.

***

P.S.: O marcador "LUTO" contém essa postagem apenas para fins de organização... O blog está com aqueles que comemoram na Inglaterra e não considera que a passagem da Maggie pela Terra seja motivo de luto.

P.S. 2: As imagens postadas aqui foram retiradas de uma série de "memes" compartilhados no Facebook. Acredito que os  "memes" não tenha direitos autorais... Pelo menos, não deveriam.

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