RESISTÊNCIA NA REPÚBLICA VELHA


Nas últimas décadas do século XIX, as condições de vida e de trabalho no sertão nordestino eram precárias, devido à alta concentração de terra nas mãos dos grandes latifundiários, ao desemprego e ao emprego temporário, às disputas políticas entre as oligarquias locais (“coronéis”) e às secas. Além disso, o surto da borracha fez com que diversos nordestinos migrassem para a Amazônia.


Para enfrentar a superexploração, a miséria, a fome e a estrutura latifundiária, os nordestinos passaram a se organizar em grupos de cangaceiros e de jagunços ou a constituir grupos em volta de um líder místico. Embora fossem contratados pelos fazendeiros, os cangaceiros e jagunços não raro passaram a contestar a ordem estabelecida, ameaçando os grandes proprietários.


Os movimentos messiânicos, de cunho religioso, eram outra forma de contestar tais mazelas, pregando a luta pela salvação da alma. A religiosidade popular contrapunha-se ao catolicismo, que não respondia aos anseios mais imediatos da maior parte da população.


***


A Guerra de Canudos (1896/1897)

1893 – Antônio Conselheiro reunia seguidores no vale de Canudos: Com o rápido crescimento do número de seguidores, a Igreja perdia adeptos, e os latifundiários, mão de obra.
Sob o argumento de que planejavam restabelecer a monarquia, os sertanejos passaram a sofrer violenta perseguição do governo. A imprensa e os intelectuais elitistas faziam com que Canudos parecesse um antro de assassinos, fanáticos e monarquistas.
O governo da Bahia enviou três expedições para sufocar o movimento, sendo todas derrotadas. A quarta expedição, por fim, foi vitoriosa, tendo sido degolados cerca de oito mil caboclos, incluindo mulheres e crianças, sem que houvesse um prisioneiro sequer.

Enquanto na capital nacional, o presidente Prudente de Morais se preparava para a festa da vitória, a opinião pública começava a mudar: estudantes da faculdade de Direito da Bahia negaram-se a participar dos festejos e exigiram explicação para a ausência de presos. Rui Barbosa criticou o governo no Senado, e Euclides da Cunha denunciou, mais tarde, a chacina de Canudos no livro “Os Sertões”.






A Semana de Arte Moderna (1922)

A Semana de Arte Moderna ocorreu em uma época cheia de turbulências políticas, sociais, econômicas e culturais. As novas vanguardas estéticas surgiam e o mundo se espantava com as novas linguagens desprovidas de regras. Alvo de críticas e em parte ignorada, a Semana não foi bem entendida em sua época.
A Semana de Arte Moderna se encaixa no contexto da República Velha, controlada pelas oligarquias cafeeiras e pela política do café-com-leite. O capitalismo crescia no Brasil, consolidando a República e a elite paulista, esta totalmente influenciada pelos padrões estéticos europeus mais tradicionalistas.
Seu objetivo era renovar o ambiente artístico e cultural da cidade com "a perfeita demonstração do que há em nosso meio em escultura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista rigorosamente atual", como informava o Correio Paulistano a 29 de janeiro de 1922.
O Cangaço ou Banditismo Social:

Desde o século XVIII, bandos armados a serviço dos grandes fazendeiros adentravam o sertão a fim de tomar as terras dos índios e instalar fazendas de gado. Mas, entre 1900 e 1940, surgiram bandos de cangaceiros que agiam por conta própria, saqueando povoados e em freqüente atrito com a polícia.. O chamado cangaço independente teve como um dos líderes mais conhecidos Lampião.









A Guerra do Contestado (1912/1916)
Na região do Contestado, havia forte tensão social entre os grandes fazendeiros contra índios e posseiros, devido à terra, o que ficou ainda pior com a chegada de empresas estrangeiras na região.
A Brazil Railway Company fora contratada pelo governo de Hermes da Fonseca para construir um trecho da estrada de ferro e recebera como parte do pagamento um faixa de 15 km de cada lado da ferrovia. Esta criou uma subsidiária, a Lumber, para colonizar tal faixa, expulsando posseiros da região, já que a empresa interessava-se na exploração da rica floresta do local.
Os sertanejos que haviam sido expulsos de suas terras e que não tinham apoio do governo ampararam-se no beato José Maria, fixando-se em regiões sempre disputadas entre Paraná e Santa Catarina.
O governo do Paraná enviou forças militares para acabar com o movimento, mas eles resistiram até que o governo federal entrou na guerra, em 1914, debelando o levante sertanejo.
Com o fim da Guerra, os governos de Santa Catarina e do Paraná entraram num acordo sobre os limites entre os dois estados.
A Revolta da Vacina (1904)

No início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro, como capital da República, apesar de possuir belos palacetes e casarões, tinha graves problemas urbanos: rede insuficiente de água e esgoto, coleta de lixo precária e cortiços super povoados.
Nesse ambiente proliferavam muitas doenças, como a tuberculose, o sarampo, o tifo e a hanseníase. Alastravam-se, sobretudo, grandes epidemias de febre amarela, varíola e peste bubônica.
Decidido a sanear e modernizar a cidade, o então presidente da República Rodrigues Alves (1902-1906) deu plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao médico Dr. Oswaldo Cruz para executarem um grande projeto sanitário.
O prefeito pôs em prática uma ampla reforma urbana, que ficou conhecida como bota abaixo, em razão das demolições dos velhos prédios e cortiços, que deram lugar a grandes avenidas, edifícios e jardins. Milhares de pessoas pobres foram desalojadas à força, sendo obrigadas a morar nos morros e na periferia.
A resistência popular, quase um golpe militar, teve o apoio de positivistas e dos cadetes da Escola Militar. Os acontecimentos, que tiveram início no dia 10 de novembro de 1904, com uma manifestação estudantil, cresceram consideravelmente no dia 12, quando a passeata de manifestantes dirigia-se ao Palácio do Catete, sede do Governo Federal.
A população estava alarmada. No domingo, dia 13, o centro do Rio de Janeiro transforma-se em campo de batalha: era a rejeição popular à vacina contra a varíola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina, mas que foi muito além do que isto.
Para erradicar a varíola, o sanitarista convenceu o Congresso a aprovar a Lei da Vacina Obrigatória (31 de Outubro de 1904), que permitia que brigadas sanitárias, acompanhadas por policiais, entrassem nas casas para aplicar a vacina à força.
A população estava confusa e descontente. A cidade parecia em ruínas, muitos perdiam suas casas e outros tantos tiveram seus lares invadidos pelos mata-mosquitos, que agiam acompanhados por policiais. Jornais da oposição criticavam a ação do governo e falavam de supostos perigos causados pela vacina.
Além disso, o boato de que a vacina teria de ser aplicada nas "partes íntimas" do corpo (as mulheres teriam que se despir diante dos vacinadores) agravou a ira da população ultraconservadora, que se rebelou.
A aprovação da Lei da Vacina foi o estopim da revolta: No dia 5 de Novembro, a oposição criava a Liga contra a Vacina Obrigatória. Entre os dias 10 e 16 de novembro, a cidade virou um campo de guerra.
A população exaltada depredou lojas, virou e incendiou bondes, fez barricadas, arrancou trilhos, quebrou postes e atacou as forças da polícia com pedras, paus e pedaços de ferro. No dia 14, os cadetes da Escola Militar da Praia Vermelha também se sublevaram contra as medidas baixadas pelo Governo Federal.
A reação popular levou o governo a suspender a obrigatoriedade da vacina e a declarar estado de sítio (16 de Novembro). A rebelião foi contida, deixando 50 mortos e 110 feridos. Centenas de pessoas foram presas e, muitas delas, deportadas para o Acre.
Ao reassumir o controle da situação, o processo de vacinação foi reiniciado, tendo a varíola, em pouco tempo, sido erradicada da capital.

A Revolta da Chibata

Apesar de os navios brasileiros serem dos mais modernos da época, o Código Disciplinar da Marinha remontava ao período de escravidão.

No dia seguinte à posse de Hermes da Fonseca, o marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes recebeu mais de 100 chibatadas como castigo, na frente de toda a tripulação.

Dias depois a revolta começou, sob a liderança de João Cândido, exigindo o fim do castigo da chibata e de outros castigos físicos, o aumento do soldo e a anistia para os marinheiros rebelados.

Sem forças para debelar a revolta, o governo acatou a exigências, mas não as fez cumprir, sendo os envolvidos punidos severamente. João Cândido foi internado como louco, mas sua luta não foi em vão, já que os castigos físicos foram abolidos após o movimento.

Comentários

Anônimo disse…
nossa muito legal esse blogger eu precisava estudar para a prova e estava muito confusa agora ja entendo melhor sobre o que se tratava tudo muito obrigada quem tem esse blog serviu de muita ajuda bjos!!
A PROFESSORA disse…
Obrigada! há ainda outras postagens sobre República Velha, que você pode acessar através dos marcadores na barra lateral direita do blog. Volte sempre!
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