LUTO

Hoje, dia 19 de setembro, a família e a cidade de Macaé sentem a perda do meu avó, Jodyr Souto Corrêa.
Militante ativo, poeta, músico e pintor.
Quem sabe agora, absolvido de diversos julgamentos, o senhor descanse em paz.
Tenho certeza de que em mim ainda há muito de ti.


Reproduzo abaixo um texto que seu amigo, José Milbs, escreveu para o jornal "O Rebate".

Lider ferroviário e ex vereador dos anos 60 morre na Região de Petróleo


Aos 74 anos de idade, levando um grande conhecimento de vida onde sempre esteve presente em vários setores da intelegência e da pesquisa, Jodyr Souto Corrêa morre em Macaé. Uma mente que pulsava muitas pulsações à frente de seus contemporâneos, foi músico, maestro, estudioso em alimentos naturais,artista plástico, poeta, aluno e professor do SENAI, grande pesquisador de artes, pintura e artesanato foi um ícone de minha geração.

Simples ao ponto de se espantar com sua biografia quando a gente falava sobre seus dotes. "Vocês acham que sou tudo isso? sorria e olhava de soslaio como se estivesse se procurando em tudo que ele era.
Plantou, com Tamires, sua filha, um galho de Ciriguela aqui no Sitio onde edito O REBATE...

Convidado por um grupo de ferrovários, aceitou ser candidato a vereador em 1966. Foi na Câmara que nos tornamos companheiros e amigos. Demos, juntos, suporte politico ao então Prefeito Cláudio Moacyr e passamos a discutir uma mudança radical na vida política de Macaé. Éramos muitos jovens. Eu com 28 anos e ele com 31. Criamos um forte grupo dentro do MDB e ganhamos a legenda do partido nas eleições de 1970. Eu indicado para Prefeito e ele como vice.

Jodyr lutou muito para manter unido o seu grupo politico de ferroviários que não achavam que era a hora de ele ser candidato a vice e sim concorrer a reeleição. Como Jodyr, embora não acreditando na via parlamentar para as graves dificuldades do POVO, não queria e não quis esta via. Rachado em suas bases partimos para a eleição. Eu com grande apoio da juventude estudantil e ele com a base operária. Com uma pulsação política acima do normal do grupo, parecia que a gente,inconscientemente já antevia os anos 2000 com a perpetuação da elite no poder municipal.
A gente via, sem que alguém nos entendesse, o Revisionismo, o oportunismo e o ancoramento de alguns setores da esquerda.

Partimos para a eleição e o MDB perdeu para ARENA por uma diferença de 200 votos. De lá para cá o meu amigo Jodyr ficou desgostoso com a política. Cansado de uma luta que ele achava perdida, procurou outros meios para sobreviver seu trabalho social.
Participou da eleição de sua irmã Iza Corrêa, como primeira mulher a disputar uma eleição para Prefeito no ano de 1982 e, por convite de outros amigos, entrou para o PT de onde eu sai...

Jodyr era um grande idealista. Sofreu muito com a perda prematura de sua filha Tamires, morta aos 17 anos e da perda de Jodymar que teve a vida interrompida por um motorista irresponsável que bateu em seu carro.

Um corpo frágil e uma mente forte não poderia habitar outro corpo humano e ter tantas amarguras. Jodyr passou por tudo isso e continuava vencendo as atribulações que o mundo lhe fazia passar.

O último contato que tive com este meu velho amigo foi a uns 30 dias. Me mandou um email, via sua filha e fiel companheira Iza, onde ele me agradecia o texto que fiz sobre a morte de seu amado Jodimar. Dizia da alegria de me ter como amigo e um dos poucos, da política antiga, que lembrava dele. Era a fala de um homem de bem que estava sentindo a falta de alguma das mais lindas presenças que o ser necessida: O reconhecimento.

Não sei se as pessoas seriam mais felizes se a gente tivesse vencido às eleições no ano de 1970. Sei que tinhamos alguma coisa muito mais a frente e que fariamos uma radical mudança. Perdemos, ou perdeu Macaé?

Hoje perde a Região de Petróleo e a familia Souto Correa, um dos mais ilistres ferrovários que conheci e pude vivenciar. Sempre que pudemos rever os tempos de nossas noites indormidas ele recordava a presença de um grande companheiro Waldyr Tavares que o iniciou nas leituras que fazia nos anos de sua militância. Jodyr foi uma liderança que o oportunismo e o revisionista dos anos 70 deixou escapar por erros históricos que jamais serão perdoados...

Em nome de O REBATE, onde ele também publicou alguns textos e algumas charges, nos anos 60, desejo externar aos seus familiares, especialmente aos seus filhos Katia, Jodyr, Marcelo e Iza, os sentimentos e tristezas que passamos a ter com sua ausência...


Fonte: Jornal O Rebate

Comentários

MadeByHind disse…
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