A ÁFRICA NEGRA ANTES DOS EUROPEUS – O IMPÉRIO MALI E O REINO DO CONGO
A
história registra a existência de diversos povos na África, entre os séculos
VIII e XVII. Esse período compreende os relatos sobre a existência de impérios
e reinos prósperos, como o Império do Mali e o Reino do Congo.
O
Império Mali localizava-se no deserto do Saara, na África ocidental. Por serem
escassos os vestígios arqueológicos desse povo, a maior parte dos relatos sobre
sua existência foi revelada pelos griots,
cantores, músicos e poetas que transmitem as histórias de seu povo.
Os
griots contam que o povo mandinga foi
dominado pelo povo sosso de Gana, cujo rei era muito cruel e massacrou toda a
família Keita, que reinava na região. O único sobrevivente dos Keita, Sundiata
Keita, liderou os mandingas contra os opressores sossos, conquistou Gana e
passou a reinar sobre um extenso território denominado Império Mali. No poder,
Sundiata Keita anexou Gana e converteu-se ao islamismo, tornando-se mansa daquela região.
As
principais cidades negras eram Djenné e Tombuctu. Esta era a terceira maior
cidade africana e agregava, a partir do século XIV, cerca de 150 escolas, que,
contudo, eram restritas à elite, já que as aulas eram ministradas em árabe e
não nos idiomas locais.
O
apogeu do Império Mali ocorreu durante o governo do mansa Kanku Mussá. Mussá
fez uma famosa peregrinação a Meca, levando consigo cerca de 60 mil pessoas e
toneladas de ouro para distribuir para os mais necessitados, já que esse metal
era o centro da economia malinesa. Diz-se que a distribuição foi tão grande,
que o preço do metal precioso despencou.
No
século XV, porém, o Mali começou a perder territórios para outros reinos
negros, além disso, uma nova ameaça surgira: os portugueses. O rei de Portugal,
Dom João II enviou a Mali uma embaixada, que pouco a pouco foi reunindo
informações sobre o Império africano a fim de penetrar ainda mais o território
malinês. Como não possuíam armas de fogo como os portugueses, o malineses foram
se submetendo aos europeus. O principal interesse dos portugueses era controlar
o tráfico de escravos da região e, para isso, aproveitavam-se das rivalidades
existentes entre os próprios povos africanos, incentivando a luta destes contra
o imperador do Mali. Dentro de menos de um século, os europeus esfacelaram o
Império Mali.
O
segundo maior reino africano foi o reino do Congo, que se localizava no litoral
da África Central. Os povos que habitavam essa região falavam línguas banto,
tronco lingüístico que reúne cerca de 470 idiomas.
O
reino do Congo nasceu do casamento entre o chefe do povo kicongo e uma mulher do povo ambundo,
no século XIV. Os governantes desse reino recebiam no nome de manicongo
e estenderam a extensão do mesmo através de casamentos e conquistas militares.
O
manicongo
possuía um trono e recebia de seus súditos impostos que eram pagos com produtos
(metais, frutas, gado e marfim) ou em dinheiro (nzimbu, uma espécie de concha marinha da Ilha de Luanda cuja
extração era monopólio real), além disso era o próprio juiz e resolvia pessoalmente
e em praça pública disputas judiciárias de seu povo.
No
final do século XV, o navegador Diogo Cão chegou a foz do rio Congo, e o
manicongo o recebeu cordialmente, talvez por temer as armas de fogo. A recepção
amistosa permitiu aos portugueses interferir diretamente na política africana.
Com
a morte do rei do Congo, seus dois filhos iniciaram a disputa pelo trono. Um
deles, Nzinga Mbemba, foi ajudado pelos portugueses e venceu o irmão. Mbemba
converteu-se ao cristianismo e adotou um nome português, Affonso, absorvendo a
cultura européia através de estudos realizados junto a padres. Affonso I
pretendia fortalecer seu reino, mas o rei de Portugal enviou à região
traficantes interessados em escravizar e vender os negros.
Ao
perceber a intenção dos europeus, Affonso I apelou ao rei de Portugal e ao
Papa, a fim de proibir o tráfico de negros, contudo em vão. O reino do Congo
declinou a serviço do tráfico atlântico de escravos para trabalhar nas terras
do Novo Mundo. No século seguinte, tentaram uma revolta antilusitana, mas foram
derrotados, e o Congo passou para o domínio português.
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MAM